sexta-feira, 7 de maio de 2010

Passou o dedo pela cabeceira e mostrou para a garotinha deitada na cama ao lado:
— Olha essa sujeira, minha filha, isso aqui está uma vergonha!
— Mas não fui eu que sujei.
— Foi você sim. Está aqui no seu quarto.
— Mas…
— Nada de “mas”. Ainda hoje você pega um paninho e limpa. Quando eu voltar, quero ver isso aqui brilhando.
A garotinha, ainda deitada na cama, refletiu sobre o pó em cima da cabeceira e sua relação de culpa em relação ao pó. E, quando a mãe voltou, a cabeceira ainda estava toda empoeirada. Ela então cobrou a filha:
— Por que é que a cabeceira continua toda cheia de pó?
Com um ar de saber só de experiências feito, a garotinha respondeu, até com certo desprezo:
— Não adianta limpar. Vai sujar de novo. É pó de gente.

(texto do livro Vem cá que eu te conto,
de Rodrigo Domit e Gisele Pacola)

Um comentário:

  1. que bom que você gostou do texto ... se quiser saber mais sobre o livro, acesse: http://vemcaqueeuteconto.wordpress.com

    um abraço!

    ResponderExcluir